domingo, 9 de outubro de 2011

O jogo do alvo e do negro


O Lago dos Cisnes, belíssima obra do compositor russo Tchaikovsky  e com o libreto (texto usado em uma peça musical) de Vladimir Begitchev e Vasily Geltzer, não foi sucesso em sua estréia, em 1877. Porém, hoje é conhecida e aclamada pelos apaixonados pela arte do balé.

Neste domingo escrevo sobre outra obra belíssima, mas da sétima arte. Cisne Negro, onde a trama central se baseia no balé encomendado pelo Teatro Bolshoi, em 1876.

Mas, antes de iniciar de vez as impressões pessoais sobre o filme, esclareço que as expectativas eram grandes. Além do trailer muito bem produzido, amigos tinham assistido e me pediam encarecidamente para fazê-lo, a fim de abrir uma discussão sobre. Devido ao tempo escasso, a realização de tal tarefa demorou a ser cumprida. Porém, com êxito em todos os sentidos.

Se você, que está lendo este texto agora, não assistiu ao filme, por favor, não continue a leitura. Espere até ter as suas impressões. Então, depois, leia, obrigada.

Particularmente sou enlouquecida por quaisquer obras que utilizem bem a ficção e a psicologia. Uso aqui, como bom exemplo, outro filme, Identidade. Mas, esse fica para outra oportunidade. Não estranhe, brincarei com as palavras, já o fiz umas duas vezes até o momento.

A produção cinematográfica em questão foi dirigida com audácia por Darren Aronofsky e estrelado brilhantemente por Natalie Portman, premiada e indicada a vários prêmios. Sua estréia oficial nos Estados Unidos ocorreu em 3 de dezembro de 2010, já no Brasil, foi alguns meses depois, em 4 de fevereiro de 2011.

Terminado os preâmbulos, afirmo que não existe segredo para esse filme ou análises aprofundadas. É simplesmente a obra dos palcos do balé traduzida para as telonas ou TVs, como desejar.

Claro, que a direção, a fotografia e atuações não deixam dúvidas de que a trama foi maravilhosamente construída para os devidos fins. É incrível, apesar de alguns momentos enfadonhos, assistir algo tão bem feito. Acredito que talvez tenha sido por esses molestos instantes que ele não tenha vencido mais do que sido indicado. No entanto, o que estou dizendo? A verdade é que não acredito em prêmios, concursos...

Enfim, voltando ao que realmente interessa aqui. Nina, a personagem principal, é o mesmo do balé, mas com características em sua vida inseridas para agradar e humanizar a moça, que sofre psicologicamente. Através de sua mãe, superprotetora, a única que sabe e tenta protegê-la de seu transtorno, da pressão da carreira e a que ela mesma se impõe para atingir a tão almejada perfeição. E é exatamente isso que a conduz pelas vias tortuosas e nebulosas da mente insana.

O príncipe Siegfried se afoga no lago que é o balé, ali é onde ele, pensa viver, se descobre apaixonado por sua aprendiz e serve como condutor para seu grau de loucura. Thomas Leroy (Vincent Cassel), está morto desde os primeiros segundos em que aparece, já cumpriu sua tarefa de se afogar nas profundezas do lago de Tchaikovsky, por amor à princesa Odette. Nesse caso, seu amor é convertido a apresentação, ao desejo do sucesso.

A feiticeira Odile é transformada em Lily (Mila Kunis), que cumpre seu papel sendo “manipulada” pelo mago Rothbart. Mas, quem seria esse na trama? Básico. É o cisne negro, o lado obscuro de Nina, que em busca pelo grau de excelência acaba criando essa nova personalidade, que a confunde e a faz ter visões embaralhadas.

Aos poucos o expectador adentra a esse mundo e é jogado a se perguntar: o que é real? O diretor foi muito feliz ao utilizar de elementos nem tão destacados na trama para os sortilégios da mente deturpada de Nina e de brincar com as cores.

No entrever de tudo, são colocados personagens interessantes e o drama da personagem se intensifica mais e mais, como a vida extenuante e sacrificada dos bailarinos, levada ao extremo da exigência. Também há a inserção do uso de drogas, mais um combustível para a explosão final.

A trilha não foge do clássico, mas moderno balé. A interpretação de Portman é algo, arrisco dizer, esplêndido, sem mais. Além de colocar que ainda me emociono apenas em imaginar a mudança de Nina para o cisne negro. O trabalho de respiração... o olhar... de dar orgulho a qualquer colega de profissão... uau! Sem mais mesmo!
Confesso que temia pelo fim do filme, em geral tudo é apaziguado e tornado algo como os finais felizes melosos que me dão enjôo às vezes. Mas, se ele era realmente baseado na encomenda de Bolshoi, tinha de seguir essa linha até os finalmentes. Foi o que fez.

Contudo, este texto representa apenas algumas de minhas impressões. Se, você, que não assistiu e continuou a ler até aqui... assista e dê as suas, bem como quem já apreciou. Tem muito mais que não foi escrito aqui.


-----;)----------- Plágio é crime e está previsto no artigo 184 do Código Penal.

2 comentários:

Denis Lenzi disse...

Assisti o filme sem muita expectativa, achando que é apenas mais um filme qualquer, só para entreter mesmo. Lendo engano. O filme superou a minha expectativa, e a atuação da Natalie foi poderosa, principalmente a parte final com uso de efeitos especiais (não vou dizer o que era) ficou espetacular. A direção, a música, a atuação...Valeu a pena assisto-lo. [Arrependi por não ter ido ao cinema para ver o filme, seria mais espetacular do que o video em casa]

Gisele Galindo ou simplesmente Gi. disse...

Ah, concordo com vc, Denis, teria sido bem mais interessante no cinema... Quase fui, mas com a correria q tá a vida... acabou não dando certo. Uma pena msm.

bjs***